quinta-feira, 26 de abril de 2012

Evangelho São Lucas - Cap. 19 e 20


Bíblia Sagrada
Novo Testamento
Evangelho Segundo São Lucas
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Capítulo 19
1 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. 2 Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. 3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 4 Ele correu adiande, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. 5 Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. 6 Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. 7 Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa 44 de um pecador... 8 Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. 9 Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10 Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido. 11 Ouviam-no falar. E como estava perto de Jerusalém, alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente; ele acrescentou esta parábola: 12 Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar. 13 Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar. 14 Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós. 15 Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado. 16 Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas. 17 Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades. 18 Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas. 19 Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades. 20 Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço; 21 pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. 22 Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei... 23 Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros. 24 E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. 25 Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!... 26 Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem. 27 Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazeios e massacrai-os na minha presença. 28 Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém. 29 Chegando perto de Betfagé e de Betânia, junto do monte chamado das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: 45 30 Ide a essa aldeia que está defronte de vós. Entrando nela, achareis um jumentinho atado, em que nunca montou pessoa alguma; desprendei-o e trazei-mo. 31 Se alguém vos perguntar por que o soltais, responder-lhe-eis assim: O Senhor precisa dele. 32 Partiram os dois discípulos e acharam tudo como Jesus tinha dito. 33 Quando desprendiam o jumentinho, perguntaram-lhes seus donos: Por que fazeis isto? 34 Eles responderam: O Senhor precisa dele. 35 E trouxeram a Jesus o jumentinho, sobre o qual deitaram seus mantos e fizeram Jesus montar. 36 À sua passagem, muitas pessoas estendiam seus mantos no caminho. 37 Quando já se ia aproximando da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, tomada de alegria, começou a louvar a Deus em altas vozes, por todas as maravilhas que tinha visto. 38 E dizia: Bendito o rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus! 39 Neste momento, alguns fariseus interpelaram a Jesus no meio da multidão: Mestre, repreende os teus discípulos. 40 Ele respondeu: Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras! 41 Aproximando-se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela, dizendo: 42 Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o
que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos.
43 Virão sobre ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados; 44 destruir-te-ão a ti e a teus filhos que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada. 45 Em seguida, entrou no templo e começou a expulsar os mercadores. 46 Disse ele: Está escrito: A minha casa é casa de oração! Mas vós a fizestes um covil de ladrões (Is 56,7; Jr 7,11). 47 Todos os dias ensinava no templo. Os príncipes dos sacerdotes, porém, os escribas e os chefes do povo procuravam tirar-lhe a vida. 48 Mas não sabiam como realizá-lo, porque todo o povo ficava suspenso de admiração, quando o ouvia falar.

Capítulo 20
1 Num daqueles dias, Jesus ensinava no templo e anunciava ao povo a boa nova. Chegaram os príncipes dos sacerdotes e os escribas com os anciãos, 46 2 e falaram-lhe: Dize-nos: com que direito fazes essas coisas, ou quem é que te deu essa autoridade? 3 Jesus respondeu: Também eu vos farei uma pergunta. 4 Respondei-me: o batismo de João era do céu ou dos homens? 5 Eles começaram a raciocinar entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Por que razão, pois, não crestes nele? 6 Se, porém, dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque está convencido de que João era profeta. 7 Responderam por fim que não sabiam de onde era. 8 Replicou-lhes também Jesus: Nem eu vos direi com que direito faço estas coisas. 9 Então Jesus propôs-lhes esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se por muito tempo para
uma terra estranha. 10 No tempo da colheita, enviou um servo aos vinhateiros para que lhe dessem do produto da vinha. Estes o feriram e o reenviaram de mãos vazias. 11 Tornou a enviar outro servo; eles feriram também a este, ultrajaram-no e despediram-no sem coisa alguma. 12 Tornou a enviar um terceiro; feriram também este e expulsaram-no. 13 Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei meu filho amado; talvez o respeitem. 14 Vendo-o, porém, os vinhateiros discorriam entre si e diziam: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que se torne nossa a herança. 15 E lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Que lhes fará, pois, o dono da vinha? 16 Virá e exterminará estes vinhateiros e dará a vinha a outros. A estas
palavras, disseram: Que Deus não o permita! 17 Mas Jesus, fixando o olhar neles, disse-lhes: Que quer dizer então o que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular (Sl 117,22)? 18 Todo o que cair sobre esta pedra ficará despedaçado; e sobre quem ela cair, este será esmagado! 19 Naquela mesma hora os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuraram prendê-lo, mas temeram o povo. Tinham compreendido que se referia a eles ao propor essa parábola. 20 Puseram-se então a observá-lo e mandaram espiões que se disfarçassem em homens de bem, para armar-lhe ciladas e surpreendê-lo no que dizia, a fim de o entregarem à autoridade e ao poder do governador. 21 Perguntaram-lhe eles: Mestre, sabemos que falas e ensinas com retidão e que, sem fazer acepção de pessoa alguma, ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. 22 É-nos permitido pagar o imposto ao imperador ou não?
47 23 Jesus percebeu a astúcia e respondeu-lhes: 24 Mostrai-me um denário. De quem leva a imagem e a inscrição? Responderam: De César. 25 Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. 26 Assim não puderam surpreendê-lo em nenhuma de suas palavras diante do povo. Pelo contrário, admirados da sua resposta, tiveram que calar-se. 27 Alguns saduceus - que negam a ressurreição - aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe:
28 Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se alguém morrer e deixar mulher, mas não deixar filhos, case-se com ela o irmão dele, e dê descendência a seu irmão. 29 Ora, havia sete irmãos, o primeiro dos quais tomou uma mulher, mas morreu sem filhos. 30 Casou-se com ela o segundo, mas também ele morreu sem filhos. 31 Casou-se depois com ela o terceiro. E assim sucessivamente todos os sete, que morreram sem deixar filhos. 32 Por fim, morreu também a mulher. 33 Na ressurreição, de qual deles será a mulher? Porque os sete a tiveram por mulher. 34 Jesus respondeu: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, 35 mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido. 36 Eles jamais poderão morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados. 37 Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó . 38 Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; porque todos vivem para ele.
39 Alguns dos escribas disseram, então: Mestre, falaste bem. 40 E já não se atreviam a fazer-lhe pergunta alguma. 41 Jesus perguntou-lhes: Como se pode dizer que Cristo é filho de Davi? 42 Pois o próprio Davi, no livro dos Salmos, diz: Disse o Senhor a meu Senhor: Senta-te à minha direita, 43 até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés (Sl 109,1). 44 Portanto, Davi o chama de Senhor! Como, pois, é ele seu filho? 45 Enquanto todo o povo o ouvia, disse a seus discípulos: 46 Guardai-vos dos escribas, que querem andar de roupas compridas e gostam das saudações nas praças públicas, das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares dos banquetes; 48 47 que devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Eles receberão castigo mais rigoroso.

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