32 1 Logo pela manhã se reuniram os sumos sacerdotes com os
anciãos, os escribas e com todo o conselho. E tendo amarrado Jesus, levaram-no
e entregaram-no a Pilatos. 2 Este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Ele
lhe respondeu: Sim. 3 Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas. 4
Pilatos perguntou-lhe outra vez: Nada respondes? Vê de quantos delitos te
acusam! 5 Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos ficou admirado. 6
Ora, costumava ele soltar-lhes em cada festa qualquer dos presos que pedissem. 7
Havia na prisão um, chamado Barrabás, que fora preso com seus cúmplices, o qual
na sedição perpetrara um homicídio. 8 O povo que tinha subido começou a
pedir-lhe aquilo que sempre lhes costumava conceder. 9 Pilatos respondeu-lhes:
Quereis que vos solte o rei dos judeus? 10 (Porque sabia que os sumos
sacerdotes o haviam entregue por inveja.) 11 Mas os pontífices instigaram o
povo para que pedissem de preferência que lhes soltasse Barrabás. 12 Pilatos
falou-lhes outra vez: E que quereis que eu faça daquele a quem chamais o rei
dos judeus? 13 Eles tornaram a gritar: Crucifica-o! 14 Pilatos replicou: Mas
que mal fez ele? Eles clamavam mais ainda: Crucifica-o! 15 Querendo Pilatos
satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás e entregou Jesus, depois de açoitado,
para que fosse crucificado. 16 Os soldados conduziram-no ao interior do pátio,
isto é, ao pretório, onde convocaram toda a coorte. 17 Vestiram Jesus de
púrpura, teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na sua cabeça. 18 E
começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! 19 Davam-lhe na cabeça com uma
vara, cuspiam nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo. 20 Depois de
terem escarnecido dele, tiraram-lhe a púrpura, deram-lhe de novo as vestes e
conduziram-no fora para o crucificar. 21 Passava por ali certo homem de Cirene,
chamado Simão, que vinha do campo, pai de Alexandre e de Rufo, e obrigaram-no a
que lhe levasse a cruz. 22 Conduziram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer
dizer lugar do crânio. 23 Deram-lhe de beber vinho misturado com mirra, mas ele
não o aceitou. 24 Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando
a sorte sobre elas, para ver o que tocaria a cada um. 33 25 Era a hora terceira
quando o crucificaram. 26 A inscrição que motivava a sua condenação dizia: O
rei dos judeus. 27 Crucificaram com ele dois bandidos: um à sua direita e outro
à esquerda. 28 [Cumpriu-se assim a passagem da Escritura que diz: Ele foi
contado entre os malfeitores (Is 53,12).] 29 Os que iam passando injuriavam-no
e abanavam a cabeça, dizendo: Olá! Tu que destróis o templo e o reedificas em
três dias, 30 salva-te a ti mesmo! Desce da cruz! 31 Desta maneira, escarneciam
dele também os sumos sacerdotes e os escribas, dizendo uns para os outros:
Salvou a outros e a si mesmo não pode salvar! 32 Que o Cristo, rei de Israel,
desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos! Também os que haviam sido
crucificados com ele o insultavam. 33 Desde a hora sexta até a hora nona, houve
trevas por toda a terra. 34 E à hora nona Jesus bradou em alta voz: Elói, Elói,
lammá sabactáni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? 35
Ouvindo isto, alguns dos circunstantes diziam: Ele chama por Elias! 36 Um deles
correu e ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de uma vara,
deu-lho para beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo. 37 Jesus deu
um grande brado e expirou. 38 O véu do templo rasgou-se então de alto a baixo
em duas partes. 39 O centurião que estava diante de Jesus, ao ver que ele tinha
expirado assim, disse: Este homem era realmente o Filho de Deus. 40 Achavam-se
ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, 41 que o tinham seguido e o
haviam assistido, quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que haviam
subido juntamente com ele a Jerusalém. 42 Quando já era tarde - era a
Preparação, isto é‚ é a véspera do sábado -, 43 veio José de Arimatéia, ilustre
membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus; ele foi resoluto à
presença de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Pilatos admirou-se de que ele
tivesse morrido tão depressa. E, chamando o centurião, perguntou se já havia
muito tempo que Jesus tinha morrido. 45 Obtida a resposta afirmativa do
centurião, mandou dar-lhe o corpo. 46 Depois de ter comprado um pano de linho,
José tirou-o da cruz, envolveu-o no pano e depositou-o num sepulcro escavado na
rocha, 34 rolando uma pedra para fechar a entrada. 47 Maria Madalena e Maria,
mãe de José, observavam onde o depositavam.
Capítulo 16
1 Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e
Salomé compraram aromas para ungir Jesus. 2 E no primeiro dia da semana, foram
muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. 3 E diziam entre si: Quem
nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro? 4 Levantando os olhos, elas
viram removida a pedra, que era muito grande. 5 Entrando no sepulcro, viram,
sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. 6
Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado.
Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. 7 Mas ide,
dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis
como vos disse. 8 Elas saíram do sepulcro e fugiram trêmulas e amedrontadas. E
a ninguém disseram coisa alguma por causa do medo. 9 Tendo Jesus ressuscitado
de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdala,
de quem tinha expulsado sete demônios. 10 Foi ela noticiá-lo aos que estiveram
com ele, os quais estavam aflitos e chorosos. 11 Quando souberam que Jesus
vivia e que ela o tinha visto, não quiseram acreditar. 12 Mais tarde, ele
apareceu sob outra forma a dois entre eles que iam para o campo. 13 Eles foram
anunciá-lo aos demais. Mas estes tampouco acreditaram. 14 Por fim apareceu aos
Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza
de coração, por não acreditarem nos que o tinham visto ressuscitado. 15 E
disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.
16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer
será condenado. 17 Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios
em meu nome, falarão novas línguas, 18 manusearão serpentes e, se beberem algum
veneno mortal, não lhes 35 fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles
ficarão curados. 19 Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi levado ao céu e
está sentado à direita de Deus. 20 Os discípulos partiram e pregaram por toda
parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres
que a acompanhavam.
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